Caros, me desculpem a falta de acentos. Trata-se da geografia de computadores. Escrevo da sala publica de internet da Quadrienal de Praga, correndo, so para dar noticias. Vi BOB, o espetaculo que mais parecia valer a pena por aqui. Gostei de conhecer o trabalho da diretora americana Anne Bogart, muito preciso, minimalista. Uma garrafa de leite antiga sobre uma mesa pequena disposta ao lado de uma cadeira onde podiamos ver BOB. Sentado, BOB aprecia a luz que incide no vidro. Todos se acomodam na plateia, havia acabado de cair uma chuva sem precendentes sobre Praga e gotas ainda caiam sobre nossas cabecas. Ela inundou tudo e entrou ate mesmo no teatro fechado e underground Archa Theater, localizado logo depois da estacao de trem Bila Labut (acho que e isso, e quer dizer cisne negro pelo que entendi). E tudo tao romantico, ate que BOB se levanta e diz - "Ola, meu nome e BOB Wilson e eu estreei 30 espetaculos apenas este ano. Nunca sei dizer por que fiz tal coisa e nem quero saber. Nao sou um estudioso e muito menos um intelectual. Sou um artista. Se voce sabe por que esta fazendo algo, entao nao faca".
Essas foram algumas frases do texto, todas algum dia ditas por BOB Wilson em entrevistas ou conversas particulares. Anne coletou tudo numa grande pesquisa e pediu a um dramaturgo que a transformasse numa historia. Um aviao passa. "Sem luz, nao ha espaco", ele diz. Novamente o som do aviao. Ele faz uma cara intrigante e diz que precisa ir, que nos fara um belo desenho (BOB e um especialista em desenhos - o design da luz, do som, da musica, do espaco) e vai sair. Sera que o aviao lhe lembra alguma coisa? "Eu nao crio significados. Faco perguntas. A plateia responde".
E voce? Sabe por que?