segunda-feira, 18 de junho de 2007

Voc^e sabe por qu^e?

Caros, me desculpem a falta de acentos. Trata-se da geografia de computadores. Escrevo da sala publica de internet da Quadrienal de Praga, correndo, so para dar noticias. Vi BOB, o espetaculo que mais parecia valer a pena por aqui. Gostei de conhecer o trabalho da diretora americana Anne Bogart, muito preciso, minimalista. Uma garrafa de leite antiga sobre uma mesa pequena disposta ao lado de uma cadeira onde podiamos ver BOB. Sentado, BOB aprecia a luz que incide no vidro. Todos se acomodam na plateia, havia acabado de cair uma chuva sem precendentes sobre Praga e gotas ainda caiam sobre nossas cabecas. Ela inundou tudo e entrou ate mesmo no teatro fechado e underground Archa Theater, localizado logo depois da estacao de trem Bila Labut (acho que e isso, e quer dizer cisne negro pelo que entendi). E tudo tao romantico, ate que BOB se levanta e diz - "Ola, meu nome e BOB Wilson e eu estreei 30 espetaculos apenas este ano. Nunca sei dizer por que fiz tal coisa e nem quero saber. Nao sou um estudioso e muito menos um intelectual. Sou um artista. Se voce sabe por que esta fazendo algo, entao nao faca".
Essas foram algumas frases do texto, todas algum dia ditas por BOB Wilson em entrevistas ou conversas particulares. Anne coletou tudo numa grande pesquisa e pediu a um dramaturgo que a transformasse numa historia. Um aviao passa. "Sem luz, nao ha espaco", ele diz. Novamente o som do aviao. Ele faz uma cara intrigante e diz que precisa ir, que nos fara um belo desenho (BOB e um especialista em desenhos - o design da luz, do som, da musica, do espaco) e vai sair. Sera que o aviao lhe lembra alguma coisa? "Eu nao crio significados. Faco perguntas. A plateia responde".
E voce? Sabe por que?

5 comentários:

Anônimo disse...

E, afinal, o que vc achou? Beijos.

Paulo Santoro disse...

Gostei da sua mensagem, mas não gostei muito do "BOB". Se sabe por que está fazendo, não faça? Hmmmm, não me soa nada bem. O estrelismo subiu-lhe à cabeça.
Ou então é assim: artistas que não sabem por que estão fazendo são vistos por espectadores que não sabem por que estão assistindo. Aí está certo!

Unknown disse...

Oi Silvia, entrei no blog por indicacão do Paulo Santoro, figura que admiro, pelo seu Gregório e pela sua pessoa, encontrei-o muito rapidamente quando estive em Sampa. É sempre muito bom refletir e refletir-se no teatro.
Sobre o BOB digo, aprecio artistas que não sabem muito bem onde pisam e assim mesmo seguem suas conviccões mais intimas, não vejo necessidade de racionalizar arte, de justificar todo o tempo, a obra deve falar por si. Quanto a Anne Bogart, adoro o seu trabalho e seus ViewPoints.
Vivo na Suécia onde trabalho com a minha própria companhia "Quarto Physical Theater", estamos montando o espetáculo "Waste in Process 2", num teatro super underground aqui em Stockholm, você pode entrar no site do teatro, http://www.modernadansteatern.se/
você vai ao link "program" e na pagina que abrir vá em "läs mer här" tem algo em Portugues lá, se você tiver interesse, é claro.
meu blog http://leandrozappala.blogspot.com
vamos trocando informacões. grande abraco e muitas sortes pra você.

Anônimo disse...

Oi, Silvia,
Também estou aqui por indicação do Paulo. Quanto à sua pergunta sobre o que disse BOB, arrisco que quando se fala de criação, não tem como generalizar: há os que racionalizam milimetricamente, e há os intuitivos; além dos que misturam as duas opções, e as alternam... Na minha opinião, essas frases dogmáticas são mais um modo de se afirmar, causando impacto.Ou é o tal do estrelismo, mesmo.
E endosso o Anônimo: o que você achou?
Um abraço, passarei aqui mais vezes!
Simone.

Anônimo disse...

Oi, Silvia,
Também estou aqui por indicação do Paulo. Quanto à sua pergunta sobre o que disse BOB, arrisco que quando se fala de criação, não tem como generalizar: há os que racionalizam milimetricamente, e há os intuitivos; além dos que misturam as duas opções, e as alternam... Na minha opinião, essas frases dogmáticas são mais um modo de se afirmar, causando impacto.Ou é o tal do estrelismo, mesmo.
E endosso o Anônimo: o que você achou?
Um abraço, passarei aqui mais vezes!
Simone Zaidan.